3480
Visualizações
Acesso aberto Revisado por pares
Artigo de Revisao

Conhecimento da população sobre os primeiros socorros frente à ocorrência de queimaduras: uma revisão integrativa

People's knowledge about first aid towards burnings: an integrative review

Liliana Antoniolli1; Jéssica Stragliotto Bazzan2; Lucas Henrique de Rosso3; Simone Coelho Amestoy4; Maria Elena Echevarría-Guanilo5

RESUMO

OBJETIVO: Descrever as evidências acerca do conhecimento da populaçao sobre primeiros socorros frente à ocorrência de queimaduras.
MÉTODO: Revisao integrativa da literatura, cujos dados foram coletados nas bases de dados LILACS, PUBMED e SCIELO, sendo selecionados e analisados na íntegra 23 artigos, publicados entre os anos de 2002 e 2014.
RESULTADOS: Destaca-se como principal açao de primeiros socorros imediata a ocorrências das queimaduras o resfriamento com água fria ou água da torneira, todavia, informaçoes relacionadas à temperatura, início e duraçoes do tratamento sao conflituosas. Utilizaçao de coberturas tópicas da cultura popular com o intuito de tratar ou promover a cicatrizaçao das lesoes também foram identificadas.
CONCLUSAO: A utilizaçao de água corrente foi apontada como a primeira opçao de uso frente às queimaduras, porém, evidencia-se escassa informaçao sobre a forma correta da utilizaçao e a necessidade de aprimorar os conhecimentos sobre primeiros socorros em casos de queimaduras.

Palavras-chave: Queimaduras. Primeiros Socorros. Atitude. Educação.

ABSTRACT

PURPOSE: To describe the evidences of people's knowledge about first aid towards burnings.
METHOD: It is an integrative review, from which data was carried out in the databases LILACS, PUBMED, and SCIELO, and 23 articles published between 2002 and 2014 were selected and analyzed.
RESULTS: It is highlighted as a first major action of first aid towards burning the chilling with cold water from the water tap. However, information related to temperature, beginning, and duration of treatment is conflicting. The using of topic casing from popular culture aiming to treat and promote the healing of lesions was also identified.
CONCLUSIONS: The using of running water was pointed out as the first option towards burnings. Nevertheless, it is highlighted the shortage of information about the right form of using, and the necessity to ameliorate the knowledge about first aid in burning events.

Keywords: Burns. First Aid. Attitude. Education.

INTRODUÇAO

As lesoes por queimaduras têm seu marco inicial na história da evoluçao do homem por meio da descoberta do fogo e sua utilizaçao no cotidiano da populaçao1. No cenário atual, as queimaduras sao consideradas um importante problema de saúde pública, visto que acarretam graves problemas psicopatológicos, devido às sequelas estéticas, funcionais e emocionais decorrentes de limitaçoes físicas e amputaçao de membros. Somam-se a isto dados da Organizaçao Mundial da Saúde de que as queimaduras sao responsáveis por aproximadamente 300.000 mortes por ano em todo mundo2,3.

A assistência à vítima de queimaduras, imediatamente após o acidente, reflete diretamente no prognóstico positivo ou negativo da evoluçao da lesao4. Tais informaçoes apontam a importância de um primeiro atendimento de qualidade para evitar e/ou minimizar futuras complicaçoes no tratamento da queimadura1,5, favorecendo o prognóstico do paciente, tanto na sobrevida quanto na reduçao de sequelas e complicaçoes.

O manuseio inadequado de queimaduras é corriqueiro, podendo estar relacionado à falta de conhecimento da populaçao frente a estas situaçoes. O princípio básico do atendimento pré-hospitalar consiste no tratamento imediato das condiçoes que colocam a vida em risco, para, em seguida, obter uma completa avaliaçao da área queimada, grau e gravidade da lesao1.

Para o tratamento das lesoes por queimaduras, a populaçao conta, além das informaçoes passadas entre as geraçoes, com distintas fontes de informaçao disponibilizadas pelas mídias eletrônicas, por exemplo, televisao, rádio e computador, o que tem possibilitado aumento do volume de informaçoes sobre saúde disponíveis. Entretanto, nao se contam com sistemas de avaliaçao que garantam a qualidade dessas informaçoes6.

Em estudo recente realizado com vítimas de queimaduras, os autores constataram que o conhecimento das pessoas acerca das primeiras açoes a serem realizadas imediatamente após a lesao mostrou-se deficiente, sendo comuns relatos de atitudes instintivas, nao baseadas em conhecimento científico6. Apesar da facilidade de acesso à informaçao, por intermédio dos meios eletrônicos, nota-se deficiência de conhecimento e informaçoes sobre primeiros socorros em casos de queimaduras, fato que contribui diretamente no prognóstico das vítimas.

Diante da problemática exposta, objetivou-se descrever as evidências acerca do conhecimento da populaçao sobre primeiros socorros frente à ocorrência de queimaduras.


MÉTODO

Trata-se de uma Revisao Integrativa (RI), a qual corresponde a uma metodologia ampla que permite a busca, a avaliaçao crítica e a síntese de evidências que visem promover impacto sobre a prática clínica. Além disso, admite a inclusao simultânea de pesquisas de diferentes métodos, possibilitando ao pesquisador melhor compreensao do fenômeno estudado e identificaçao de aspectos que requerem maiores pesquisas7.

A presente revisao integrativa foi desenvolvida em seis etapas7: elaboraçao da questao norteadora do estudo; busca e seleçao dos artigos; definiçao das informaçoes a serem extraídas dos artigos selecionados; avaliaçao dos estudos incluídos; interpretaçoes dos resultados e apresentaçoes dos resultados.

Para guiar o estudo, definiu-se como questao norteadora: o que foi produzido nos últimos anos acerca do conhecimento da populaçao sobre primeiros socorros ou primeiras atitudes na ocorrência de queimaduras?

Incluíram-se na RI estudos realizados com seres humanos, publicados na íntegra entre os anos 2002 e 2014, nos idiomas inglês, português ou espanhol, e que, independentemente do delineamento, abordaram a temática em destaque, com resumos disponíveis nas bases de dados Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informaçao em Ciências da Saúde (LILACS); a National Library of Medicine (PUBMED); e a Biblioteca Virtual Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Foram excluídas revisoes de literatura, carta ao editor e opiniao de autoridades e/ou relatório de comitês de especialistas.

Para a busca de artigos, foram utilizados os descritores burn; first aid; atitude; e education, sendo os mesmos previamente consultados nos dicionários Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).

A consulta às bases de dados foi realizada em outubro de 2012, tendo sido realizada atualizaçao em julho de 2014. A leitura e análises dos estudos foram realizadas por duas revisoras, sendo uma terceira consultada, para os casos em que surgiram dúvidas de inclusao dos estudos. Os artigos que se repetiram foram agregados na base que continha maior número de artigos. E, com a finalidade de identificar outros estudos relacionados, procedeu-se à busca manual de artigos nas referências dos estudos selecionados para análise na íntegra.

Para a coleta de dados, foi utilizado instrumento validado8, que contempla os seguintes aspectos considerados pertinentes: nome da pesquisa; tipo de publicaçao; detalhamento metodológico e amostral; intervençao estudada; resultados; recomendaçoes/conclusoes. Isso permitiu avaliar individualmente os estudos e possibilitando a identificaçao de similaridades e diferenças entre eles mesmos. Ainda, os estudos foram analisados e classificados de acordo com o Nível de Evidência (NE), da mais forte: NE - I; para a mais fraca: NE -VII9.

Os resultados sao apresentados de forma descritiva, por meio de quadros, objetivando captar evidências acerca do conhecimento da populaçao sobre os primeiros socorros em caso de queimaduras.

Utilizando-se a combinaçao de descritores mencionados e os critérios de seleçao definidos, procedeu-se à busca nas bases de dados, emergiram: 24 artigos na LILACS, sendo um incluído na RI; 341 artigos na PUBMED, sendo 20 incluídos na RI e 11 artigos na SCIELO, nenhum incluído. Por meio de busca manual, dois artigos foram incluídos neste estudo.


RESULTADOS

Na presente Revisao Integrativa, foram analisados 23 estudos que atenderam aos critérios de inclusao previamente estabelecidos. A seguir, apresentar-se-á um panorama geral dos artigos avaliados, que está detalhado no Quadro 1.




Os países de realizaçao dos estudos foram Austrália (n=5), Reino Unido (n=5), Nova Zelândia (n=2), Turquia (n=2), China (n=2); Canadá (n=1), Bangladesh (n=1), Tanzânia (n=1), Vietna (n=1), Estados Unidos da América (n=1) e Brasil (n=1); ainda, um estudo comparativo foi realizado em cinco diferentes países: Gales, Paquistao, India, Botswana e Zâmbia. A maioria dos estudos (n=16) foi realizada em ambiente hospitalar, seguido por ambiente domiciliar (n=3). Quanto ao ano de publicaçao dos estudos, 15 foram publicados entre 2002 e 2009 e oito foram publicados entre 2010 e 2012.

Houve predomínio de pesquisas quantitativas (22 estudos), sendo apenas um estudo de abordagem qualitativa22. Entrevista direta, face-a-face, para busca de informaçoes sobre primeiros socorros foi mais frequente (17 estudos), a abordagem indireta ocorreu em seis estudos, pela consulta em prontuários (n=5) ou via telefone (n=1).

Todos os estudos objetivaram, em sua essência, avaliar o conhecimento e as práticas de primeiros socorros entre a populaçao em casos de queimaduras. A totalidade dos estudos analisados (n=23) apresentou nível de evidência seis (NE-VI evidências derivadas de um único estudo quantitativo ou qualitativo).

Entre os estudos analisados, destaca-se como a principal açao de primeiros socorros imediata à ocorrência das queimaduras o resfriamento com água fria ou água da torneira (22 estudos). A mençao ao tempo adequado de resfriamento, 20 minutos ou mais, ocorreu em 11 destes estudos11-15,17,18,23,24,27,31, porém, a maioria dos inquiridos referiu tempo de resfriamento considerado inadequado ou insuficiente.

Em relaçao às açoes realizadas com o intuito de tratar ou promover a cicatrizaçao das lesoes, utilizaçao de coberturas tópicas da cultura popular tiveram maior destaque, dentre estas, a aplicaçao de creme dental, pomadas caseiras, verduras ou legumes foram referidas em 14 estudos13,15-18,20-22,24,25,27,29,30,32. A aplicaçao de sulfadiazina de prata como opçao de terapia farmacológica foi relatada em um estudo24.


DISCUSSAO

A análise dos estudos que tiveram como objetivo identificar o conhecimento da populaçao sobre primeiros socorros/primeiras atitudes frente à ocorrência de queimaduras permitiu identificar uma diversidade de informaçoes repassadas para e entre a populaçao.

Em relaçao às recomendaçoes sobre o primeiro tratamento de lesoes por queimadura consideradas adequadas, de forma geral, a aplicaçao de água fria ou da torneira foi bastante citada11-15,17,18,23,24,27,31. Entretanto, na maioria dos casos as informaçoes relacionadas à temperatura, início e duraçoes do tratamento ainda sao conflituosas.

Em estudo realizado na Austrália, com o intuito de identificar o tratamento adequado das queimaduras, a partir das recomendaçoes de algumas organizaçoes deste país relacionadas à saúde, os autores32 apontaram como açao de primeiro socorro adequado, em caso de queimaduras por altas temperaturas, o resfriamento imediato da lesao com água fria (temperatura entre 2º a 15ºC) e corrente. Esta deveria ser aplicada o mais breve possível à ocorrência da queimadura, por tempo aproximado de 20 minutos, sendo aceitável a duraçao da aplicaçao de água corrente de 10 minutos a 1 hora, e o atraso no início da irrigaçao é aceitável em até 3 horas. Esta abordagem inicial imediatamente após a ocorrência da lesao ou dentro do período de retardo aceitável, além de promover analgesia, reflete em reduçao dos danos da lesao, favorecendo à reepitelializaçao da ferida e diminuindo a formaçao de cicatrizes indesejadas33.

Por sua vez, a utilizaçao de cubos de gelo para tratamento de primeiros socorros pode ser benéfica, porém, há grande risco de hipotermia do indivíduo, especialmente quando a queimadura atingir grande superfície corporal, de modo que nao é considerada como opçao adequada de tratamento32. Ainda, o contato direto do gelo com a lesao, por tempo prolongado, pode favorecer o dano celular1.

Em queimaduras térmicas, além do procedimento imediato de resfriamento do local lesado, devem-se retirar os pertences da vítima, como anéis, pulseiras e relógios, visto que a manutençao destes objetos pode diminuir ou interromper o fluxo sanguíneo se houver edema (inchaço), e proteger o local da lesao com pano limpo e umedecido, ou papel alumínio31.

Ao usar água fria, é preciso ter cuidado com a hipotermia, especialmente com crianças pequenas ou pacientes com grande área de superfície corporal queimada, irrigar somente a área lesada, mantendo o resto do paciente aquecido, se possível32.

Tratamentos alternativos, como aplicaçao de Aloe vera e hidrogéis nao seriam recomendados no primeiro momento, já que nao possuem propriedades antibacterianas e nao oferecem benefícios para a posterior cicatrizaçao de feridas, apenas forneceriam analgesia. O uso dos mesmos deve ser realizado após avaliaçao médica, reforçando a importância da utilizaçao de água como tratamento inicial para interromper a fonte térmica, diminuir a dor e o agravo da lesao32. Do mesmo modo, nao é recomendado aplicar medicamento tópico (pomadas) ou substância populares de qualquer tipo (café, pasta de dente, vegetais ou outros), pois estas podem ser prejudiciais à lesao, uma vez que dificultam a avaliaçao médica, além de proporcionarem a retençao do calor, apesar da sensaçao de frescor.

Em queimaduras por produtos químicos, é recomendado lavar imediatamente o local, com água abundante em temperatura ambiente, por pelo menos 20 minutos, sem friccionar o local lesado, de forma a diluir o produto químico. É importante identificar o produto lesivo e indispensável procurar socorro médico, mesmo que a área queimada nao seja extensa, visto que em muitos casos a água é insuficiente para a descontaminaçao das projeçoes de produtos químicos sobre a pele e se o mesmo nao for completamente removido uma queimadura de 1º grau, por exemplo, evoluirá para uma lesao de 3º grau em menos de 24 horas, por conta da reaçao de saponificaçao do produto na pele34.

Em caso de roupas em chama, é importante que se oriente o indivíduo consciente a deitar no chao e rolar. No caso de a pessoa estar inconsciente, devem-se abafar as chamas com cobertor ou pano umedecido, com o objetivo de dificultar a chegada de oxigênio às chamas para que se extingam. Após este procedimento inicial, devem-se resfriar as áreas lesadas15. O uso de água para apagar o fogo nao é indicado, visto que tem potencial para aumentar a intensidade das chamas.

Em caso de queimadura por corrente elétrica, primeiramente deve-se providenciar a interrupçao da corrente elétrica, desligar a fonte distribuidora da energia, antes do contato com a vítima; caso nao seja possível, tentar afastá-la com objeto isolante, como madeira seca. Após, avaliar o estado de consciência e solicitar atendimento móvel de urgência no caso do indivíduo estar inconsciente ou procurar atendimento médico imediatamente, caso o indivíduo esteja consciente, visto o risco de alteraçao na conduçao elétrica cardíaca que deve ser devidamente monitorada35.

Atençao médica profissional deve ser procurada sempre que houver dúvida no tratamento da queimadura, sendo indispensável em caso de queimadura de face, órgaos genitais, períneo, maos ou lesoes de queimaduras com coloraçao branca e sensaçao de dor diminuída (queimaduras profundas). Ainda, se houver evidência de uma lesao por inalaçao (fuligem ou resíduos de fumaça em torno do nariz ou da boca), queimadura elétrica ou química a avaliaçao médica é imprescindível32.

Um atendimento eficiente e eficaz, imediato ao acidente, é positivo para um maior índice de sobrevida e minimizaçao de agravos e sequelas. Assim, considera-se que a primeira atitude correta e ágil representará o diferencial na qualidade do tratamento e evoluçao da lesao34.

É relevante destacar a importância do conhecimento em primeiros socorros adequados para queimaduras entre a populaçao, assim como o papel relevante dos profissionais da saúde, já que estes sao os responsáveis pela assistência e prevençao, e desempenham o importante papel de educadores em saúde para a populaçao. De forma que os mesmos devem orientar e informar a populaçao embasada no conhecimento cientificamente comprovado, e ao mesmo tempo respeitando as crenças culturais e saberes populares36.

Nas últimas décadas, os avanços na tecnologia da comunicaçao vêm apresentando um papel primordial na propagaçao de informaçoes à populaçao. Atualmente, a facilidade ao acesso desses meios de comunicaçao como a internet, mídia televisiva, redes sociais, informativos impressos, entre outras, fazem com que os indivíduos possam esmiuçar suas dúvidas de forma vertiginosa, obtendo respostas aos seus questionamentos. No entanto, muitas dessas mídias transpassam informaçoes imprecisas que podem influenciar a conduta dos cidadaos37. Deste modo, cabe a cada sujeito escolher fontes de conhecimento de caráter confiável, a partir da realizaçao de pesquisas sobre a origem da referência em que pretende se basear o que resultará no conhecimento da confiabilidade da informaçao.

Destaca-se, neste caso, o escasso material científico produzido acerca de intervençoes recomendadas na ocorrência de queimaduras, assim como a necessidade de desenvolver estudos de intervençao que constatem a eficácia de intervençoes educativas na prevençao de acidentes e adequado socorro às vítimas, uma vez que a produçao encontrada trata-se de estudos principalmente de delineamento descritivo (NE VI), que tiveram como objetivo a identificaçao de informaçoes da populaçao acerca de primeiros socorros frente à ocorrência de queimaduras.

Entretanto, o grande avanço na área da literatura de categoria digital, ao qual se tem acesso, por exemplo, por meio das bases de dados, portais ou bibliotecas eletrônicas, permite que maior número de leitores tenham acesso a resultados de estudos realizados em diferentes lugares do mundo. A presente RI utilizou-se dessa estratégia de acesso para a busca de conteúdos que abordassem os conhecimentos da populaçao frente aos primeiros socorros/primeiras atitudes na ocorrência de queimaduras, o que resultou na disponibilidade de estudos de diversos países, porém, escassez de estudos de origem brasileira. Assim, identificou-se uma importante lacuna, frente à insuficiência de estudos elaborados em nosso país que gerem um panorama acerca do conhecimento da populaçao brasileira sobre os primeiros socorros ou primeiras atitudes frente à ocorrência de queimaduras. E, a partir deste, pensar na geraçao de estratégias direcionadas às reais necessidades, que contemplem conhecimentos próprios da populaçao.

Os resultados do presente estudo podem ser o norte para a elaboraçao de açoes de prevençao de acidentes com queimaduras, como a realizaçao de atividades de prevençao a queimaduras em escolas, instituiçoes de ensino superior, na rede pública de saúde, juntamente com hospitais e unidades básicas de saúde, bem como profissionais e usuários e para toda a comunidade, com o intuito de estimular a propagaçao de informaçoes entre a populaçao sobre prevençao destes acidentes e primeiros socorros adequados no caso de sua ocorrência.


CONCLUSOES

A partir dos resultados da presente Revisao Integrativa foi possível identificar que a opçao pela utilizaçao de água imediatamente à ocorrência dos acidentes com queimaduras foi a mais referida pelos participantes dos estudos, entretanto, informaçoes de como esta deve ser utilizada sao escassas e conflituosas. Ainda, a utilizaçao de produtos da cultura popular, como aplicaçao de creme dental, pomadas caseiras, verduras ou legume, na lesao também foram relatadas.

Evidencia-se, por meio dos resultados dos estudos analisados, informaçoes pouco claras quanto a melhor forma de agir frente à ocorrência destes acidentes. Assim, mostra-se a necessidade de aprimorar os conhecimentos sobre os primeiros socorros em caso de queimaduras entre a populaçao, pois muitas vezes tais acidentes ocorrem distantes do serviço de saúde, e a populaçao deve estar preparada para a prestaçao de primeiros atendimentos adequados às vítimas. Afinal, adequadas condutas frente à ocorrência de queimaduras sao fundamentais para reduçao de agravos à saúde após o acidente, como a ocorrência de sequelas, e melhorando o prognóstico das vítimas, favorecendo sua recuperaçao e reabilitaçao.


REFERENCIAS

1. Nazário NO, Leonardi DF. Queimaduras atendimentos pré-hospitalar. Florianópolis: Unisul; 2012. 208p.

2. Rempel LCT, Tizzot MRPA, Vasco JFM. Incidência de infecçoes bacterianas em pacientes queimados sob tratamento em hospital universitário de Curitiba. Rev Bras Queimaduras. 2011;10(1):3-9.

3. Takejima ML, Netto RFB, Toebe BL, Andretta MA, Prestes MA, Takaki JL. Prevençao de queimaduras: avaliaçao do conhecimento sobre prevençao de queimaduras em usuários das unidades de saúde de Curitiba. Rev Bras Queimaduras. 2011;10(3):85-8.

4. Greco Júnior JB, Moscozo MVA, Lopes Filho AL, Menezes CMGG, Tavares FMO, Oliveira GM, et al. Tratamento de pacientes queimados internados em hospital geral. Rev Bras Cir Plást. 2007;22(4):228-32.

5. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de atençao à saúde, departamento de atençao especializada. Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

6. Gonçalves AC, Echevarría-Guanilo ME, Gonçalves N, Rossi LA, Farina Junior JA. Caracterizaçao de pacientes atendidos em um serviço de queimados e atitudes no momento do acidente. Rev Eletrônica Enferm. 2012;14(4):866-72.

7. Broome ME. Integrative literature reviews for the development of concepts. In: Rodgers BL, Knafl KA, eds. Concept development in nursing: foundations, techniques and applications. Philadelphia: Saunders; 2000. p.231-50.

8. Ursi ES, Galvao CM. Prevençao de lesoes de pele no perioperatório: revisao integrativa da literatura. Rev Lat Am Enfermagem. 2006;14(1):124-31.

9. Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Making the case for evidence-based practice. In: Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidence-based practice in nursing & healthcare. A guide to best practice. Philadelphia: Lippincot Williams & Wilkins; 2005. p.3-24.

10. Skinner A, Peat B. Burns treatment for children and adults: a study of initial burns first aid and hospital care. N Z Med J. 2002;115(1163):U199.

11. McCormack RA, La Hei ER, Martin HC. First-aid management of minor burns in children: a prospective study of children presenting to the Children's Hospital at Westmead, Sydney. Med J Aust. 2003;178(1):31-3.

12. Skinner AM, Brown TL, Peat BG, Muller MJ. Reduced hospitalisation of burns patients following a multi-media campaign that increased adequacy of first aid treatment. Burns. 2004;30(1):82-5.

13. O'Neill AC, Purcell E, Jones D, Pasha N, McCann J, Regan P. Inadequacies in the first aid management of burns presenting to plastic surgery services. Ir Med J. 2005;98(1):15-6.

14. Rea S, Wood F. Minor burn injuries in adults presenting to the regional burns unit in Western Australia: a prospective descriptive study. Burns. 2005;31(8):1035-40.

15. Rea S, Kuthubutheen J, Fowler B, Wood F. Burn first aid in Western Australia--do healthcare workers have the knowledge? Burns. 2005;31(8):1029-34.

16. Rawlins JM, Khan AA, Shenton AF, Sharpe DT. Burn patterns of Asian ethnic minorities living in West Yorkshire, UK. Burns. 2006;32(1):97-103.

17. Tse T, Poon CH, Tse KH, Tsui TK, Ayyappan T, Burd A. Paediatric burn prevention: an epidemiological approach. Burns. 2006;32(2):229-34.

18. Wong P, Choy VY, Ng JS, Yau TT, Yip KW, Burd A. Elderly burn prevention: a novel epidemiological approach. Burns. 2007;33(8):995-1000.

19. Hsiao M, Tsai B, Uk P, Jo H, Gomez M, Gollogly JG, et al. "What do kids know": a survey of 420 Grade 5 students in Cambodia on their knowledge of burn prevention and first-aid treatment. Burns. 2007;33(3):347-51.

20. Justin-Temu M, Rimoy G, Premji Z, Matemu G. Causes, magnitude and management of burns in under-fives in district hospitals in Dar es Salaam, Tanzania. East Afr J Public Health. 2008;5(1):38-42.

21. Lam NN, Dung NT. First aid and initial management for childhood burns in Vietnam--an appeal for public and continuing medical education. Burns. 2008;34(1):67-70.

22. Mashreky SR, Rahman A, Chowdhury SM, Svanström L, Linnan M, Shafinaz S, et al. Perceptions of rural people about childhood burns and their prevention: a basis for developing a childhood burn prevention programme in Bangladesh. Public Health. 2009;123(8):568-72.

23. Macdonald EC, Cauchi PA, Azuara-Blanco A, Foot B. Surveillance of severe chemical corneal injuries in the UK. Br J Ophthalmol. 2009;93(9):1177-80.

24. Cuttle L, Kravchuk O, Wallis B, Kimble RM. An audit of first-aid treatment of pediatric burns patients and their clinical outcome. J Burn Care Res. 2009;30(6):1028-34.

25. Karaoz B. First-aid home treatment of burns among children and some implications at Milas, Turkey. J Emerg Nurs. 2010;36(2):111-4.

26. Taira BR, Singer AJ, Cassara G, Salama MN, Sandoval S. Rates of compliance with first aid recommendations in burn patients. J Burn Care Res. 2010;31(1):121-4.

27. Harvey LA, Barr ML, Poulos RG, Finch CF, Sherker S, Harvey JG. A population-based survey of knowledge of first aid for burns in New South Wales. Med J Aust. 2011;195(8):465-8.

28. Hodgins P, Hodgins P, Potokar T, Price P. Comparing rich and poor: burn prevention in Wales, Pakistan, India, Botswana and Zambia. Burns. 2011;37(8):1354-9.

29. Yates J, McKay M, Nicholson AJ. Patterns of scald injuries in children--has anything changed? Ir Med J. 2011;104(9):263-5.

30. Özyazıcıoğlu N, Polat S, Bıçakcı H. The effect of training programs on traditional approaches that mothers use in emergencies. J Emerg Nurs. 2011;37(1):79-85.

31. Graham HE, Bache SE, Muthayya P, Baker J, Ralston DR. Are parents in the UK equipped to provide adequate burns first aid? Burns. 2012;38(3):438-43.

32. Cuttle L, Kimble RM. First aid treatment of burn injuries. Wound Pract Res. 2010;18(1):6-13.

33. Cuttle L, Kempf M, Liu PY, Kravchuk O, Kimble RM. The optimal duration and delay of first aid treatment for deep partial thickness burn injuries. Burns. 2010;36(5):673-9.

34. Yoshimura CA. A importância do atendimento pré-hospitalar nas queimaduras químicas no Brasil. Rev Bras Queimaduras. 2012;11(4):259-62.

35. Vale ECS. Primeiro atendimento em queimaduras: a abordagem do dermatologista. An Bras Dermatol. 2005;80(1):9-19.

36. Neuman B. The Neuman System Model. In: Neuman B, Fawcett J, eds. The Neuman Systems Model. 5th ed. Upper Saddle River: Pearson; 2011. p.3-33.

37. Moretti FA, Oliveira VE, Silva EMK. Acesso a informaçoes de saúde na internet: uma questao de saúde pública? Rev Assoc Med Bras. 2012;58(6):650-8.










1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduaçao em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil
2. Enfermeira. Graduada na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Pelotas, RS, Brasil
3. Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Pelotas, RS, Brasil
4. Enfermeira. Doutora em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduaçao em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal de Santa Catarina e Professor Permanente do PPGEnf da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Pelotas, RS, Brasil
5. Enfermeira. Doutora em Ciências pela Escola de Enfermagem de Ribeirao Preto da Universidade de Sao Paulo (USP). Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil

Correspondência:
Liliana Antoniolli
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Campus Universitário - Saúde
Rua Dona Inocência, 155, apto 508, Jardim Botânico
Porto Alegre, RS, Brasil - CEP: 90690-030
E-mail: l.antoniolli@hotmail.com

Artigo recebido: 20/1/2015
Artigo aceito: 27/2/2015

Trabalho realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

© 2024 Todos os Direitos Reservados